Prazer, eu não sou a Marli! E você também não é esse nome que se dá. Nós somos consciências vivendo uma experiência no corpo de um ser humano.
Eu controlo a máquina que estou. As minhas experiências estão sendo escolhidas por mim e é muito melhor se eu tiver a consciência dos botões que eu estou apertando ao invés de sair apertando qualquer coisa e dar um bug no sistema. Depois, não conseguindo descobrir o que fiz, tentarei chamar um técnico (guru, mestre, etc) para resolver o meu problema.
Eu controlo a máquina, mas não sou ela. Por que eu estou me confundindo com a máquina e não com o operador dela? Por que eu acho que eu sou a minha mente se sou eu quem está ali observando a conversa mental? Se eu não me percebo nesse controle, logo vou me sentir à mercê de forças ocultas misteriosas que venham de fora, dos temidos “outros”.
À medida que eu passo a compreender que eu estou criando a minha realidade, eu saio desse papel de vítima, eu começo a me examinar para entender porque cargas d’água eu atraí uma situação X, Y ou Z, e o que essa experiência está tentando me ensinar. Enquanto eu ignorar essa verdade, eu vou continuar seguindo as religiões, os gurus, os mestres, etc. em busca que me ensinem o tal “Caminho da Salvação” e me tirem do buraco onde eu me enfiei. Claro que ninguém irá poder fazer isso por mim!
Enquanto permaneço na ignorância do meu SER, vou absorvendo teorias, faço exercícios que me sugerem, tento meditar com excesso de barulhos na minha cabeça…  Assim, vou fingindo que entendi tudo. No fim, não entendi nada! Estou apenas seguindo “ordens” como o tal guru me explicou que deveria ser. E se ele falou, há de ser verdade!
E, acreditando que eu agora também sei a verdade, eu quero convencer as pessoas que eu encontrei o tal “Caminho da Salvação” para que, quem sabe, talvez eu me convença disso também. Suponhamos que eu tenha parado de comer carne porque me disseram (e não porque eu cheguei a essa conclusão por mim mesma) que era o certo a fazer, assim eu me tornaria mais “iluminada”. Logo, vou querer convencer meus amigos e familiares a adotarem esse hábito também, assim não sofrerei tanto por ser a única a não degustar aquela picanha suculenta nos churrascos. Não quero me sentir sozinha em minhas escolhas! 
O fato é que, lá no fundo, eu não sinto que minha vida tenha mudado tanto assim e minha frustração continua. Onde errei? 
Se eu estivesse bem com as minhas escolhas, eu apenas estaria bem, não haveria razão para tentar convencer ninguém de seguir o meu caminho. Quem fica tentando provar que achou o caminho para a felicidade, pode ter encontrado muitas coisas, menos a felicidade real.
SER humano é uma experiência diferente para cada um. O meu estado de felicidade não é igual ao seu. Os ingredientes que compõem a receita da minha felicidade foram selecionados por mim, então eu não posso pegar os seus ingredientes, enfiar na minha receita e achar que vai sair o bolo da minha felicidade. Não vai!
O caminho para a liberdade é questionar essas verdades que tentam fazer você engolir, achando suas próprias verdades. SER você por inteiro.
A vida é, enfim, uma jornada de autodescoberta. Eu preciso me perceber para me entender. Se eu não estiver consciente de que eu não sou meu corpo, que eu não sou as minhas ideias (e muito menos a ideia dos outros), eu nunca serei um SER humano, serei apenas um humano sem ser, um humano que segue verdades alheias porque não descobriu as suas próprias. Serei apenas um corpo que tem nome…
Prazer, eu não sou a Marli! Eu sou o SER habitando no corpo dela.